Destinos (im)prováveis: a formação em Serviço Social transformando trajetórias
Ensinar e aprender “Destinos (im)prováveis”, o importante trabalho de Tânia Jardim, trata do que a universidade pode oferecer em conhecimento e mobilidade social a jovens de baixa renda, pele preta ou parda, endereços periféricos. De seis dezenas de bolsistas do curso de Serviço Social da PUC-Rio entrevistados, somente dois avaliaram que a graduação não lhes alterou a vida. Os demais (97%) perceberam mudanças na visão de mundo, nas relações sociais, na inserção profissional. Sete em dez conseguiram trabalhar na profissão após concluir a faculdade. O livro é atestado valioso do que o ensino superior é capaz de proporcionar em inclusão, autoestima, construção de referências e bem-estar num país desigual como o Brasil. Mas é prova também do que a diversidade étnica, cultural e social pode fazer pela universidade, espaço historicamente excludente e elitista. Iniciado pela PUC-Rio em 1994, o programa de ação afirmativa praticamente quadruplicou o número de alunos nas turmas de Serviço Social. Tal como no princípio de ação e reação da Terceira Lei de Newton, se há muito a ensinar aos bolsistas e instituições de ensino, professores e estudantes têm muito a aprender com os saberes e as vivências dos que vêm das periferias – reais ou metafóricas. Há muita potência no Brasil profundo. FLÁVIA OLIVEIRA é jornalista, dedicada à cobertura de economia e indicadores sociais.