As lides do Talaya
Poeta da corte referenciado por Bocage, toureiro famoso satirizado por Lobo de Carvalho, almotacé, capitão, bacharel em direito canónico, burocrata na administração do reino, etc., João Dias Talaya Sottomaior era um homem especialmente dotado para as relações sociais. No ano de 1777, que marcou o início do reinado de D. Maria I, e sob a protecção do rei consorte D. Pedro III, o capitão João Dias Talaya funda em Sacavém a Nova e Real Academia dos Obsequiosos. Esta era por excelência uma academia de louvor; no centro da sua produção literária estava o encómio à família real, um conceito que encontrava nos discursos laudatórios uma das suas mais significativas manifestações e cuja importância política ia muito além da mera reverência honorífica. Investido de espírito patriótico ao serviço da Coroa, Talaya ia onde quer que as funções de obséquio exigissem a sua presença, fosse para recitar os seus textos no palácio real, fosse para assumir o seu papel de protagonista nas festividades públicas de touros. “As lides do Talaya” apresenta-se como roteiro biográfico de um Portugal setecentista, cruzando genealogia e biografias, história local e nacional, de uma forma que se pretende complementar e abrangente. Mais do que a biografia de um homem, que foi um ícone do seu tempo, a presente obra faz também o retrato da época em que ele viveu.