Uma história de doutorados-sanduíche:
O momento atual parece propício para a publicação deste livro por alguns motivos: o primeiro tem a ver com o movimento de destruição da pesquisa brasileira empreendida pelo governo atual, dela retirando um volume de verbas inacreditável; o segundo, pela perda sistemática, em número e em valor, de bolsas alocados para doutorandos; o terceiro, por posições equivocadas acerca do conhecimento de línguas do candidato a uma bolsa no exterior – se antes o orientador externo informava que o conhecimento da língua do candidato era suficiente, por saber que uma das coisas que acontece é que esse conhecimento aumenta exatamente com o deslocamento para um país e o contato cotidiano, em múltiplas circunstâncias, com a língua local, atualmente, é preciso certificado final de língua por organismo credenciado; por fim, alguns outros motivos de que desconfiamos, mas não temos provas. Assim, os artigos aqui reunidos mostram, com clareza, que os deslocamentos, por diferentes ‘espaçostempos’, universidades diferentes e em contato com línguas diferentes para o que não tinham certificação, permitiram que os doutorandos vivessem ricas experiências, com o apoio de bons(as) e atenciosos(as) pesquisadores/pesquisadoras, produzindo ideias interessantes. Nos textos de Alessandra Nunes Caldas, Dirceu Castilho Pacheco, Joana Ribeiro dos Santos, Nivea Andrade, Rosa Helena Mendonça, Rossana Maria Papini e Rebeca Brandão o leitor terá acesso a diferentes experiências vividas em outros países – diferentes currículos acadêmicos, diversos modos de realizar o trabalho final de doutoramento, modos de fazer citações, relações com o trabalho do orientador, modos de arquivamento de documentos da área, diferentes modos de escrever trabalhos acadêmicos etc., que, juntos, circunscrevem os caminhos das pesquisas nacionais que, embora tragam relações com a realidade brasileira de modo muito interessante, sabem buscar, com autonomia, as relações internacionais necessárias.