Justa
Monica Schpun apresenta a amizade entre duas mulheres, Aracy de Carvalho Moebius Tess e Maria Margarethe Bertel Levy, que tentaram driblar hostilidade do mundo durante a Segunda Guerra Mundial. Aracy chefiava o setor de passaportes no mesmo consulado em que o escritor Guimarães Rosa, seu marido, iniciava a carreira diplomática como cônsul adjunto em Hamburgo. Aracy salvou a vida de judeus vítimas do nazismo, ao permitir que emigrassem para o Brasil. Margarethe e seu cônjuge, o cirurgião-dentista Hugo Levy, eram judeus liberais que desfrutavam de um padrão de vida elevado. Viajando pelo mundo, ela aprendeu várias línguas, mas viu sua liberdade bombardeada pelas leis de Nuremberg, pela Noite de Cristal e por todos os outros eventos que culminaram com a deportação e o extermínio dos judeus da Europa. Centrada na história do cruzamento dessas duas vidas na Alemanha e no Brasil, a obra procura reconstruir a cidade de Hamburgo das primeiras décadas do século XX, e o modo como a intensificação da perseguição aos judeus ocorreu, além da maneira como eles procuraram contornar as formas de repressão. Apresenta também, por meio de histórias particulares, como a política migratória de Getúlio Vargas incidiu sobre os projetos dos imigrantes.