Sabor de mar
Maria Eduarda não era culta, mas era inteligente. Tinha pelas notícias, pela moda, pelo cinema, pelo teatro, uma curiosidade sadia que a impelira a sair da pequena cidade no interior para procurar a vida no esplendor da capital. Infelizmente, o preço para tanto fora o de um casamento desafortunado, com um homem sem imaginação. Suas vidas e ambições cedo tomaram rumos diferentes e até opostos. O marido, um conservador. Ela, uma jovem mãe que começa a percorrer outros caminhos, em busca de um novo destino. Uma vida a princípio com mais desacertos do que acertos mas em que seus horizontes aos poucos se expandiram naquele Rio de Janeiro e naquele Brasil entre os anos 1960 e 1980. Uma história em que ela encarnava o interior, onde o pai que tanto a influenciara ainda morava, e a capital do País e até mesmo o exterior, na tumultuada Londres para onde um segundo casamento a transportara. Viajada e calejada, vê-se impelida pelo destino a voltar à pequena cidade de que saíra, onde encontra em seu velho pai um aliado contra a incompreensão e preconceitos de moradores invejosos de seu “sucesso”, sem saber que preço pagara por ele. Maria Eduarda encarna esses dois mundos e, ao mesmo tempo, os ilumina, cada um com seus tipos sociais, com suas concepções certas ou erradas, suas grandezas e misérias, suas formas de humanidade.