O Padre e o Acólito
O Padre e o Acólito é um pequeno conto, publicado anonimamente sob o pseudónimo de “X”, em dezembro de 1894, na revista uraniana The Chameleon. O engajado editor da revista (hoje diríamos “ativista”) era um estudante de Oxford, chamado John Francis Bloxham. Bloxham conseguiu obter para a sua publicação as contribuições de, entre outros, o já então famoso Oscar Wilde e também de lorde Alfred Douglas. Wilde, conhecedor dos intuitos da nova revista, que se propunha divulgar uma causa que também lhe era cara, não quis deixar de participar, e enviou ao editor um pequeno conjunto de aforismos denominado Frases e Filosofias para os Jovens. Também determinado na defesa do amor uraniano, Alfred Douglas, “Bosie”, o eterno amado e amante de Wilde, contribuíu com dois poemas inéditos, In Praise of Shame e Two Loves. O poema Two Loves termina com o que é, provavelmente, o verso mais citado de toda a poesia de carácter homossexual: “Eu sou o Amor que não ousa dizer o seu nome”. Nesta edição, a primeira edição em português de O Padre e o Acólito, complementamos o conto de Bloxham com as contribuições de Oscar Wilde e de Alfred Douglas para o The Chameleon, para que o leitor possa compreender melhor o espírito de uma época que viu despertar, pela primeira vez, uma identidade que começava a “ousar dizer o seu nome”, uma identidade que seria, pouco depois, emblematicamente esmagada num julgamento que teria repercussão mundial e que acabaria na condenação e na aniquilação da carreira daquele que foi o maior dramaturgo do seu tempo, Oscar Wilde.