Formação Intelectual Brasileira no Oitocentos
É consenso entre os múltiplos espectros ideológicos do Brasil contemporâneo, um dos poucos consensos existentes, o fato de que estamos em crise. Uma crise que se estende sobre diversas esferas da vida e que tem deixado a todos sem bases sólidas onde se firmar. O fator comum a todos: perderam-se as respostas que eram compartilhadas pela sociedade como verdades a priori. Entretanto, uma crise não é necessariamente sinônimo de decadência. Com ela surge a oportunidade de retomar as questões que deram origem às respostas que foram perdidas pelos intensos conflitos e chegar a novas conclusões coletivas, ou restaurar antigas com uma consciência renovada de sua importância. Nesse processo de intensa reflexão, o retorno ao passado pode não só esclarecer os porquês das respostas e estruturas que herdamos, como também nos oferecer inspiração e ferramentas que possibilitam a superação da crise. Escrito por acadêmicos com formações e escopos teóricos diversos, o presente livro é animado por esse projeto de superação ao retomar, mesmo que parcialmente, a análise de temas pontuais e efervescentes na conjuntura do Brasil oitocentista. Período diretamente marcado pela Crise do Antigo Regime, pelas Revoluções Francesa e do Haiti, a crise do Escravismo, as Independências na América, a difusão dos valores Iluministas, o avanço da ciência e o desenvolvimento do Capitalismo com a Revolução Industrial. A escolha das personalidades estudadas foi dada pela avaliação de suas contribuições, positivas ou negativas, para pensar temas centrais para a realidade nacional nesse período conturbado, tais como: descentralização político-administrativa, projetos de construção do Estado, as consequências da escravidão, o constitucionalismo, a questão indígena, as políticas educacionais e outros temas diretamente ligados a esses.