Vitalizações das línguas e criações indígenas

By Amanda Benedett, Cássia Josiele da Silva, Deuzimar Tarracanã Karajá, Diego Bonatti, Edite Smikidi da Mata De Brito, Marcos Lampert Varnieri, Nidiane Saldanha Perdomo, Nilza da Silva Bezerra, Paloma de Melo Henrique, Silvia Adriany Almeida Barreto, Simone Pereira Lima Scherrer

Vitalizações das línguas e criações indígenas
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Ao longo de mais de setenta anos de vida academicamente produtiva, Aryon Dall'Igna Rodrigues realizou estudos comparativos de línguas indígenas, identificou documentação histórica nos arquivos e formulou hipóteses consistentes do relacionamento genético, envolvendo os troncos Tupi, Macro-Jê e Karib. Costumava recusar o termo "moribundas" para designar o estado das quase 200 línguas indígenas faladas atualmente no Brasil, porque isso seria admitir que estão morrendo. Preferia chamá-las de "anêmicas", que podem ser revitalizadas com sangue novo.

José Ribamar Bessa Freire


O Caderno 3 do Procad Amazônia objetiva divulgar as pesquisas desenvolvidas e/ ou em desenvolvimento no âmbito do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica da CAPEs. O tema proposto é bem provocativo, pois visa ao fortalecimento das línguas indígenas, em grande parte anêmicas, conforme Aryon. E como sabemos, o extermínio físico dos povos indígenas tem sido o maior impedimento à manutenção e ao aprendizado de suas próprias línguas, mas também a assimilação cultural tem sido um instrumento poderoso de extinção das línguas, já que o Português, língua de prestígio, desloca a língua indígena do seu uso como primeira língua, como língua de cultura, marcando assim uma imposição linguística. Os estudos aqui reunidos enfrentam esse glotoetnocídio ao apresentar criações literárias e artísticas como processos de resistência epistêmica desses povos na ativação de suas subjetividades e cosmologias. Também são produzidos materiais didáticos e reflexões sobre as condições de línguas indígenas da região norte do país que partem da realidade biossocial das suas comunidades e da educação escolar diferenciada. Portanto, esperamos que essa coletânea sirva de inspiração a outros Programas de Pós-Graduação que queiram (re)conhecer as línguas e as artes indígenas. Esperamos ainda que propicie o acesso a uma história desocidentalizada em prol de políticas linguísticas, culturais e educacionais que considerem as diversidades étnicas no Brasil.


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