Palácio Tiradentes: arte e política no Brasil republicano

De modo inédito, este livro aborda a história política da Primeira República brasileira (1889- 1930) a partir da história do Palácio Tiradentes, edifício construído para ser a sede da Câmara dos Deputados e inaugurado em 1926, no tempo em que a cidade do Rio de Janeiro ainda era a capital federal do país. A relação entre arquitetura e poder é um tema consagrado nos estudos históricos. Nesse quadro geral, porém, fazia falta na historiografia uma referência capaz de evidenciar como a política na Primeira República brasileira se relacionou com a arquitetura e os mundos da arte. Esta lacuna historiográfica é preenchida agora por este livro em que o historiador Douglas Liborio analisa a história do Palácio Tiradentes. Não se trata de um livro sobre história da arquitetura no sentido tradicional, ainda que o edifício seja o protagonista da análise. A arquitetura é tratada como ambiente construído, buscando caracterizar os significados do projeto e do programa artístico geral, salientando a atuação dos sujeitos principais que definem o espaço como experiência histórica. Ao final da leitura, não há como deixar de reconhecer que este livro apresenta uma época da história do Brasil em que a política e a arte se entrelaçavam e, em certa medida, apoiavam-se mutuamente, podendo- se até considerar que arte se colocava à serviço da política. A densidade dos projetos políticos se traduzia na singularidade especial da elaboração de programas artísticos. Esse quadro histórico, contudo, contrasta fortemente com a experiência contemporânea em que certas tendências da sociedade política condenam e defendem a perseguição à criação artística, assim como monumentos tradicionais são atacados por movimentos sociais e a arte é instrumento de crítica social e denúncia de injustiças sociais. Por outro lado, a pesquisa centrada na identificação da sobrevivência do Antigo estabelece um diálogo dos tempos. Nunca é demais lembrar que a história é a ciência da diferença dos tempos e que delimita a distância do passado e, por isso, conforma a compreensão do presente. Assim, é de se esperar que este livro leve seus leitores a conhecerem uma outra época da história do Brasil, mas espera-se que sirva de inspiração para pensar os rumos da sociedade atual.