Capturar o tempo é ofício tão desejado quanto, rigorosamente, impossível. Como supomos os elétrons naquele ambiente em que é máxima a probabilidade de encontrá-los, também registramos a História fugaz por aproximações. E uma das maneiras de “fixar essas vertigens”, para usarmos a conhecida máxima de Rimbaud, ocorre pela veia literária, no gênero que traz no próprio nome a marca dessa temporalidade: a crônica.
O nosso século apresenta vetores positivos em numerosas direções: novas tecnologias, formas diversas de interação, descobertas em tempo recorde de vacinas e antídotos. Além disso, traz igualmente avanços nas esferas sociais, aspecto tão urgente num país que é escandalosamente corroído por desigualdades de toda ordem. A reelaboração da pauta dos debates públicos e a emersão de temas até então invisíveis na circulação das ideias, no entanto, convocam reações conservadoras em proporção igual ou superior ao impacto sísmico da mudança.