Visa a esclarecer pontos nos textos constantes das várias traduções da Bíblia Sagrada. É uma obra de grande alcance, não tendo o intuito de ser segmentária. Aos menos esclarecidos, os questionamentos levantados pelo autor poderão chocar, mas àquelesque buscam o conhecimento e a verdade em todas as coisas, com certeza, esta obra será uma grande luz. Com um vocabulário simples, o livro mostra o quanto precisamos aprender a respeito das passagens bíblicas, que com o passar dos anos foram perdendo a essência e sendo traduzidas de acordo com os interesses políticos, religiosos e raciais de cada época. O autor apresenta, dentro de uma ótica puramente racional, todo o seu conhecimento adquirido em longos anos de estudos da Bíblia.
“A Bíblia à Moda da Casa” é, no gênero, uma das grandes obras lançadas no momento. Paulo da Silva Neto Sobrinho, sem dúvida um grande conhecedor da Bíblia, aborda, com grande maestria, questões polêmicas dela como, por exemplo, as irregularidades nas suas traduções, bem como suas interpretações dogmáticas.
De fato, o autor coloca muita luz na elucidação de alguns textos, que, sob o pretexto do emprego da exegese e da hermenêutica, os teólogos e biblistas tradicionais deturparam, procurando adaptá-los aos dogmas que foram sendo instituídos por eles, ao longo dos tempos, eliminando dos escritos sagrados o sentido que possuíam no alvorecer do Cristianismo. Tanto é verdade isso, que foram muitas as divisões que começaram a surgir no seio cristão, com os chamados hereges, ou seja, grandes sábios cristãos que, mesmo com o risco de se tornarem mártires com a morte nas fogueiras da Inquisição, levantaram sua voz contra os erros em que mergulhavam os teólogos ortodoxos, poderosos, pois contavam com o apoio do poder civil.
Paulo da Silva Neto Sobrinho mostra-nos, assim, uma Bíblia cheia de rótulos, como se fosse uma mercadoria nas mãos de dirigentes religiosos mercenários, que fazem dela não só um meio de vida, mas, também, um meio de explorar as pessoas, manipulando-as ao seu bel-prazer, daí o título do livro. (José Reis Chaves)